O Recado das Ruas: O Povo Brasileiro descobre a Força que tem!

As Manifestações pelo Brasil afora

O Brasil, após décadas de silêncio, de omissão coletiva e passividade, diante dos desmandos governamentais, mostra ao mundo que este povo tem sim,  uma força que antes era invisível e difusa, mas que agora mostra a sua cara: o povo brasileiro, a exemplo do que ocorreu em outros países,  a partir das redes sociais, decide ocupar as ruas de centenas de cidades deste país, e mostrar a sua força que é própria dos indignados, dos oprimidos e dos explorados. E surge como o grito dos encarcerados, o clamor por liberdade dos reféns de suas próprias realidades, deixando de lado as buscas individualistas,  e assim, o povo começa a caminhar em direção a novas alternativas políticas, em face do derretimento e da ineficiência do atual modelo político, econômico e social. A prova disso está na forte recusa da população em permitir que os partidos políticos e suas bandeiras, tenham qualquer participação nas manifestações  ou recebam qualquer crédito nesse processo de mudanças que ora temos vivenciado, pois não se sente representada, por nenhum deles.

Afinal, as pessoas foram tomadas de súbito pelo acordar de um gigante e ainda se perguntam: Como surgiu tudo isso, quanto tempo vai durar e que impactos estas manifestações terão agora e quais os seus desdobramentos no futuro da nação?

A Passividade do Brasileiro

Por anos, os brasileiros foram embalados em “berço esplêndido” pelos novos ventos da democracia, da prosperidade repentina e agora são surpreendidos  pela falácia veiculada pela grande mídia, com a divulgação de dados do pleno emprego, de uma economia inabalável, embora maquiada por benesses governamentais a determinados segmentos sociais. O povo está acordando desse efeito hipnótico que, até então, fazia com que as pessoas pensassem “se tudo está indo tão bem, por que vou me preocupar?”

Cenas de Vandalismo

As manifestações que ocorrem por todo país, alimentadas pela seiva de um renovo e pela sede de mudanças, e alavancadas pela inexistência de lideranças verticais, infelizmente, vêm dando espaço à infiltração de vândalos  que se misturam a esse movimento pacífico das massas, com atitudes que devem ser objeto de condenação e repúdio  de todos, pois estão em descompasso com o nosso processo civilizatório, pois tentam a todo custo, manchar a beleza e  o frescor dessa força que emana das ruas, ao praticarem atos de vandalismo.

Quais as Razões do Povo nas Ruas?

As pautas de reivindicações que levaram as pessoas às ruas são as mais diversas: os gastos bilionários na construção de estádios, em detrimento de políticas públicas inclusivas e de qualidade nas áreas de educação, saúde, segurança e transporte público, sendo esta última, apenas o estopim da revolta popular, mas que, com certeza, abriu o caminho para que outras demandas fossem postas pelos manifestantes, e que até então,  continuavam sendo negligenciadas pelo Estado, apesar de serem objetos das garantias constitucionais.

A corrupção e a falência dos gestores públicos em relação à moralidade, à eficiência e à transparência no trato da coisa pública, também foram fonte da motivação popular para os protestos. A inflação  volta a incomodar, principalmente as classes de menor renda,  pois corroe,  mais perversamente, os  baixos salários,  que estão em claro desnivelamento aos altos salários recebidos pela cúpula governamental e pela classe política, e está entre os fatores desencadeadores dos movimentos de rua. Poderíamos incluir também nessa pauta, o repúdio à escolha do novo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados; a possibilidade de aprovação da PEC 37 que limita os poderes de investigação do Ministério Público e assim por diante. A “panela de pressão” já estava mesmo prestes a explodir e os aumentos das passagens do transporte coletivo em São Paulo, no  Rio e  em outras capitais, foram apenas o gatilho para que o povo ganhasse as ruas em todo Brasil, para o legítimo exercício do direito de se manifestar.

O Impacto das Manifestações Populares

A leitura que se faz, daqui pra frente, é que, se forem mantidos os níveis de mobilização popular e o insubstituível apoio da população às manifestações que ora ocorrem, os resultados eleitorais em 2014, que pareciam já desenhados e definidos, estarão novamente no centro do debate, decorrentes do estabelecimento desses novos cenários e possibilitarão o surgimento de novas lideranças políticas, inclusive decorrentes desses movimentos populares, trazendo a  real possibilidade de renovação das forças políticas no poder, aliás,  um dos pilares da existência de uma  verdadeira democracia em uma nação.

18 respostas em “O Recado das Ruas: O Povo Brasileiro descobre a Força que tem!

  1. A letargia, em tempo de grandes eventos, própria de um povo pacato e passivo é coisa do passado. De repente o “Gigante” levantou-se do sono profundo, e agora “descansado”, mas cansado dos desmandos, dos desgovernos, da política imoral e de toda sorte de corrupção, foi para a rua clamar por justiça. O clamor de um povo sofrido e explorado, está sendo ouvido. Os resultados estão acontecendo mais rápido, do que se esperava. “o povo unido, jamais será vencido”, e sempre consegue o que quer. Meu amigo Dr. Claudio Ramos, sempre te admirei, mais ainda agora, por sua preocupação por um Brasil melhor. Um abraço!

    • Sem dúvida essa onda de manifestações que atraíram a atenção da mídia nacional e internacional foi um marco histórico e produziu resultados ainda que na consciência da cúpula corrupta e alienadora a rever seus conceitos sobre políticas de governo. Porém, ressalto, gente, que isso foi apenas o início, uma demostração do poder que o povo tem, e o principal espectador deve ser o povo, que ao olhar tamanha força deve ir à luta de fato. Ir à luta de fato, pessoal, é organizar, planejar, e atacar!! Um movimento sem líder e sem pautas não obtém o efeito que toda a população brasileira almeja. É necessário liderança e organização, além de representação para encaminhar pautas bem fundamentadas aos governantes. Exemplo: 1) Marca-se uma assembléia geral pelas redes sociais; 2) o povo reunido elege líderes; 3) Pautas são discutidas e compiladas (ex.: falta de infraestrutura nos hospitais públicos; desequilíbrio salarial entre os Poderes da União; Educação precária, etc) 4) Propostas de projetos de lei para sanar os problemas listados são então apresentadas pelo povo ao governo em reunião pacífica; 5) O povo anuncia que caso o governo não acate às reivindicações => GREVE GERAL, MAIS MANIFESTAÇÕES, MAIS REPERCUSSÃO, MAIS TRANSTORNOS, MAIS VAIAS À DILMA, etc!! É isso aí, pessoal…reflitam e façam sua parte, pois a FORÇA está CONOSCO!! isso sim é democracia!!

      PS.: Parabéns, Dr. Cláudio, pela iniciativa do blog! Abraço

  2. Parabéns Claudio,! Realmente a população viveu anestesiada por longos e penosos anos, mas agora que o gigante acordou, não podemos prever o que vem pela frente, mas com certeza será a conquista da verdadeira democracia. Temos um longo caminho a percorrer , mas já começamos a andar e não vamos parar até conquistarmos mudanças profundas que resultem em benefício para todos os brasileiros. Grande abraço.

  3. Os cidadãos estavam desacostumados a protestar e a polícia, como sempre despreparada, estava desacostumada com movimentos tão grandes. As cenas de vandalismo são frutos da falta de orientação política e/ou para a cidadania de alguns, e de outros que foram só pra badernar mesmo.

    • É verdade, José Claudio. Mas parece que o povo tomou gosto pelas manifestações….todo dia tem…isso é bom pra democracia. Os políticos ficam de cabelo em pé quando o povo vai às ruas… O Brasil nunca mais será o mesmo, acredite!…tenho esperança no avanço dessas conquistas, frutos dos protestos de rua, mesmo que pareça um caos… Cada um deve fazer a sua parte. Um forte abraço.

    • Obrigado, Cibele. O ativismo autoral é uma das atividades mais prazerosas, uma vez que se pode imprimir ao texto, muito mais que conceitos e teorias, mas onde se pode engajar, de fato, a uma causa, a uma luta na qual você acredita e e pela qual vale a pena pagar um preço. Um abraço. Claudio.

    • Em uma nação que se diz democrática, não se pode ganhar no grito, é preciso melhorar os argumentos dos atores…É preciso diálogo e negociação de uma pauta mínima, estabelecer uma agenda coerente para o avanço nas questões que mais têm incomodado a população. Um abraço.

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