Sistema de Cotas nas Universidades Públicas

 

Origem das desigualdades

A colonização portuguesa  e  o processo de formação  da estrutura social, cultural, religiosa e econômica no Brasil estão, em maior ou menor grau,   na base das desigualdades  brasileiras atuais, que vão além da percepção das pessoas. Muitos estudos, pesquisas estatísticas  e levantamentos  já  realizados  têm sido usados para demonstrar  essas enormes discrepâncias entre os diversos segmentos da população brasileira que, com certeza, têm reflexos diretos na questão educacional.

Nova Lei de Acesso à Universidade Pública

Em agosto de 2012  houve a institucionalização pelo governo brasileiro de uma nova forma de acesso à universidade: uma lei  sancionada pela presidente Dilma Roussef que prevê um  sistema de cotas para o acesso  às universidades públicas  e  aos institutos técnicos federais, com a reserva de, no mínimo, 50% das vagas para estudantes que cursarem todo o ensino médio em escolas da rede pública, com a distribuição dessas  vagas entre negros, pardos ou indígenas. Essa decisão do Estado brasileiro, com certeza trará grandes impactos no seio da sociedade e mexerá com os ânimos e motivações das pessoas e já tem provocado reações e ações de ambos os lados afetados pelas medidas. Tudo isso deve nos provocar à reflexão e à avaliação dos desdobramentos que decorrerão dessa decisão.

Ações Afirmativas

Sempre que ações afirmativas são adotadas em sociedades marcadas por enormes desigualdades, tantos sociais quanto econômicas e temperadas pela diversidade racial e cultural, como no caso brasileiro, reações antagônicas se estabelecem em relação ao tema. No futuro, o processo histórico demonstrará aqueles que defenderam as posições mais acertadas.  O sistema de cotas  para o acesso às universidades, com certeza,  também será objeto dessa análise. Sou favorável à justiça social, mas sem a abdicação da meritocracia, o que seria um desestímulo ao crescimento pessoal. Acredito na luta e no esforço diário das pessoas, no sentido de romper as diferenças impostas por um modelo socioeconômico injusto e, apesar dele, conseguir sobrepujar essas desigualdades e dar à vitória, o seu verdadeiro sabor.

Cotas Sociais

A adoção de apenas cotas sociais  como critério para  o acesso às universidades públicas me parece um método mais acertado do que a classificação dos indivíduos por cotas raciais, como forma de mitigar as desigualdades econômicas e  os abismos sociais.   O grau de inclusão social promovido por um sistema educacional deve ser caracterizado por investimentos públicos maciços na educação e o emprego de escolas em tempo integral, desde o ensino fundamental,  o que certamente apontará o grau de desenvolvimento de uma sociedade. Exemplos não faltam por aí, basta voltarmos os nossos olhos ao modo com os tigres asiáticos provocaram, em algumas décadas, uma revolução educacional e tecnológica naquelas nações, com reais impactos na qualidade de vida de seus cidadãos. Mas para isso acontecer em nosso meio, deve haver uma determinação e  uma vontade política inabaláveis. Que tal começarmos a participar desse processo de mudança?

4 respostas em “Sistema de Cotas nas Universidades Públicas

  1. Oi Claudio! Gostei do seu blog. Já sou uma seguidora. Quanto ao sistema de cotas, tão acredito que pode ser um desistímulo ao desempenho individual e também que a educação de base deveria ser muito, infinitamente, melhor. Hoje ouvi que apenas 15%, e menos de 25%, dos estudantes que terminam o ensino fundamental dominam a matemática e o português respectivamente. Como passar no vestibular assim? E mais, acho que universidade, como o próprio nome diz, deveria ser universal. Aberta à todos que “quisessem” estudar.

    • Cicília, obrigado por visitar e pela disposição em seguir o meu blog. Hoje temos a situação curiosa dos analfabetos funcionais, pessoas que lêem mas não conseguem fazer uma interpretação mínima do conteúdo lido e também sem condições de dar significado ao mesmo e assim ficam impedidos de assimilar e de difundir os conceitos implícitos nas leituras. Além de curso superior em universidade, entendo ser importante também a qualificação profissional por meios de cursos técnicos de qualidade no Brasil. Obrigado por enriquecer o nosso debate com suas ideias e posicionamentos. Este espaço está sempre aberto a todas vozes que buscam contribuir para um melhor exercício da cidadania. Um abraço, Claudio.

  2. Olá, Caludio! Acho as cotas sociais um importante passo no sentido da correção das igualdades sociais no Brasil. Claro que a caminhada é longa e cheia de obstáculos. Mas é com um passo de cada vez que as distâncias se consomem. Sempre fui a favor das cotas raciais e o motivo de meu apoio esteve relacionado ao princípio que ela evocava. A polêmica que ela trouxe, não foi apenas um passo na direção que citei acima, foi também um pontapé no comodismo e na indiferença social. Entendo que, aqueles que pensaram nas cotas do negro e do índio como um erro protecionista e até racista, se viram obrigados a pensar no que seria o correto, pois não há como definir o errado sem um parâmentro do certo. Chegamos assim as cotas sociais. Meu desejo é que muitos ainda consigam ver as limitações e mesmo os erros desta nova cota social e que, desse ponto de vista, ainda que contrario, por parte de alguns, surjam argumentos, idéias e maneiras de aperfeiçoar as relações sociais brasileiras. Se é que estamos no caminho do crescimento social, devemos lembrar que o aprender a andar começa com passos imperfeitos, mas sem eles jamais se chega a correr.
    Tony P. Floriano

    • Obrigado Tony por participar da discussão de um tema tão relevante e sensível para a sociedade brasileira. Obrigado por sua contribuição no sentido de enriquecer o nosso debate, utilizando-se de colocações e argumentações bem pertinentes. Sempre estou aberto à pluridade de posicionamentos, pois considero que o distanciamento ou mesmo a omissão diante de questões de tamanha importância, revela-se o pior dos mundos. Espero sempre contar com suas visitas ao meu blog e interagir de forma tão significativa. Um abraço. Claudio.

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