Claudio Ramos. Cientista Político.
Visão atual da Política
A população brasileira hoje encara a política, como um meio ilícito de enriquecimento e como fonte de privilégios, ou seja, coisa para espertalhões e aproveitadores do poder. O “político”, em nossos dias, é visto como um ser maldito, um parasita e que deve ser objeto de rejeição e desprezo pelo povo. Os maus políticos criaram na população esse sentimento de repulsa, pois associa o político, com raras exceções, a todos os tipos de falcatruas, desvios de verbas públicas, corrupção, desmandos e à apropriação da coisa pública, em benefício próprio. Por isso, o cidadão honesto, na maioria das vezes, defende a postura de que os políticos são todos corruptos e de que quer manter uma boa distância deles. E, portanto, entendem a política como coisa suja, uma ocupação própria para malandros e espertalhões. Essa é, infelizmente, a realidade que enfrentamos, quando questões políticas são abordadas, junto ao cidadão comum.
Na verdade, o cidadão está farto de constatar os descaminhos dos recursos públicos, estes provenientes de extorsivos impostos cobrados pelo Estado, e que deveriam ser empregados, com toda diligência e estratégia, em políticas públicas inclusivas, tais como a educação, a saúde e a segurança pública. O que fazer diante deste cenário?
Uma Nova Visão da Política: uma verdadeira mudança de paradigma
O filósofo grego Aristóteles já dizia: “O homem é um animal político”, ou seja, precisa se relacionar e viver em comunidade. Deve enfim, buscar e realizar o bem comum, visando o benefício de todos. No entanto, existem políticos que querem apenas viver DA política e se servirem dela, em seu próprio benefício e de seu grupo político e não buscam viver PARA a política, como uma vocação autêntica, para o real benefício de todos, indistintamente.
O Brasil precisa mudar, em relação ao modo como as pessoas veêm e se relacionam com a Política. Sabemos que a Política é um meio pacífico de divisão dos bens públicos. Mas, infelizmente, os cidadãos de bem, aqueles que são corretos, íntegros, honestos, que pagam seus impostos, cumprem seu trabalho com dedicação e esmero e que respeitam o direito de seus semelhantes, acabam por se afastarem do processo político.
Mas precisa ser assim? Não pode ser diferente? Será que existe outro caminho?
Entendo que o candidato à vida pública deve ter uma ficha limpa, deve ser íntegro de caráter e ser exemplo, em primeiro lugar, em sua família e na comunidade onde ele vive. Deve demonstrar visão, estratégia e portar um autêntico espírito público. Ele precisa ter o preparo e a capacitação para o cargo e ser atuante na disseminação de ideias e ações que visem o bem coletivo. Ele precisa, ainda, participar de encontros comunitários e de associações de bairro e ter contatos íntegros com lideranças locais, estaduais ou nacionais. Deve, literalmente, ir onde o povo está e ouvir o seu clamor e ser o veículo daquelas profundas aspirações populares, daqueles a quem ele diz representar. Por isso, o candidato não deve aspirar o poder, simplesmente pela obtenção do poder, numa busca, muitas vezes, fraticida e irracional.
Cidadãos de bem: Voltem-se para a Política!
Cidadãos de bem, façam com que a Política daqui pra frente seja escrita com “P” maiúsculo. Sejam modelos de uma nova forma de fazer política, com transparência e ética, basicamente movidos pelo prazer de servir e de ser útil às pessoas. Demonstrem o verdadeiro altruísmo que represente, de fato, uma mudança de paradigma da prática política, diante do caos político e partidário que vivenciamos nos dias atuais.
Cidadãos de bem, assimilem, urgentemente, as ilimitadas e reais possibilidades da via política para a solução de questões e problemas que têm afetado a vida de todos. Na verdade, a Política é o canal por onde passam as reais mudanças do dia-a-dia das pessoas.
Cidadãos de bem, sejam sempre cidadãos conscientes e participativos. Lembrem-se de que a cidadania não se expressa somente através do voto. O controle social dos cidadãos sobre os agentes públicos deve ser um caminho a ser perseguido por todos. Portanto, apoiem e incentivem os movimentos de participação popular, nos processos decisórios. Tenham a máxima vigilância sobre os seus mandatários, bem como, lutem pela existência e manutenção de sistemas eleitoral e judiciário independentes e eficazes, pois são essenciais no processo de amadurecimento e funcionamento de nossa democracia.
Cidadãos de bem, principalmente, os jovens e adolescentes que têm meios de acesso e facilidades de contatos com amigos pelas redes sociais, não se afastem do processo político. Busquem uma nova maneira de fazer Política! Pois, a Política exercida como vocação e com honradez, irá possibilitar e estimular a participação popular, de forma livre e soberana. Melhor ainda: pode mudar o rumo da vida de todos nós!