O Direito à Vida
Considero alarmante o ritmo de coisificação e banalização da vida humana, fenômeno observado em várias partes do mundo e especialmente no Brasil. A cada episódio de violência contra a vida e a dignidade do ser humano, programas de televisão especializados neste nicho, expõem e exploram, diariamente, cada novo “caso”. E apesar das visões sensacionalistas de seus apresentadores e daqueles veículos de comunicação de massa, eles acabam por denunciar, o que já está na percepção das pessoas: a clara e crescente violação dos direitos humanos, sendo o mais importante, a própria vida.
Raízes da violência
Diversos estudos têm sido divulgados no sentido de retratar a crescente violência nas cidades brasileiras, em suas diversas formas: os crimes passionais, principalmente aqueles ligados à violência contra a mulher; o uso e tráfico de drogas, levando à morte precoce de nossos jovens e adolescentes; a intolerância cotidiana no trânsito, decorrente inclusive da falta de planejamento da mobilidade urbana; a violência policial, notadamente nas comunidades carentes; a pedofilia e a infância abandonada; os roubos e sequestros relâmpagos, além de crimes ligados aos preconceitos em suas diversas formas e ainda, os conflitos no campo ligados à disputa de terras e à reforma agrária. Assim, depara-se com uma lista interminável de motivos apontados como responsáveis pelos crescentes índices de violência no país.
Uma pergunta que não quer calar: Estas razões apontadas como ligadas à violência são causas ou são consequências, ou estão ligadas a fatores estruturais e determinantes mais profundos? Não seria o caso de voltarmos o nosso olhar para questões mais cruciais da realidade brasileira?
Nas raízes da violência no Brasil identifico: a desigualdade econômica e social, decorrentes da adoção de um modelo econômico socialmente injusto; a desestruturação do núcleo familiar; o abandono de valores éticos e princípios morais e do sistema de crenças; a educação ineficaz que não valoriza o educador, o que impossibilita o crescimento pessoal e a imediata inserção do jovem no mercado de trabalho, o que, com certeza, explica um dos gargalos no desenvolvimento educacional e tecnológico do país; a corrupção e a impunidade dos agentes e dos gestores públicos são razões que considero um verdadeiro câncer a corroer os escassos recursos públicos, obtidos por meio de uma carga tributária comprovadamente abusiva, o que impossibilita a adoção e a ampliação políticas públicas de qualidade e inclusivas, principalmente aquelas voltadas à saúde, à educação e à segurança pública.
Em que direção caminhar?
Reitero minha convicção de que a Política exercida como vocação, com responsabilidade e honestidade, deve estar na base do equacionamento de todas as questões sociais e particularmente daquelas ligadas à violência, seja ela urbana ou rural.
A participação popular nos processos decisórios e a vigilância de seus mandatários, bem como a instituição de sistemas eleitoral e judiciário imparciais e eficazes, devem ser partes integrantes e essenciais nesse processo de enfrentamento ou mesmo da mitigação da violência, a que todos estamos sujeitos, independentemente da classe social.
Para reflexão e ampliação do debate: Qual deve ser a participação de cada um de nós nesta questão? Que alternativas você apontaria para a solução desse grave problema da violência no Brasil?