Considero bastante simbólica a ausência de pessoas protestando, seja do lado de dentro ou do lado de fora do STF, durante ao julgamento do mensalão. Sabe-se inclusive que muitas cadeiras destinadas ao povo, permaneceram desocupadas. Interessante notar que, embora o que se está julgando seja muito importante para o cidadão e que pode significar um novo balizamento nos rumos da política no país, mais relevante se torna essa ausência do povo nesse julgamento. Mas o que explicaria então essa ausência? Seria o descrédito das pessoas na justiça brasileira? No senso comum e no imaginário do brasileiro, acredita-se que somente os pobres ou pessoas sem recursos são alcançadas pelos braços da lei. O que se observa na prática é que os mais endinheirados podem e contratam bons advogados para defenderem seus interesses. São advogados experientes que conhecem e buscam todas as brechas da lei, que adotam todas as medidas protelatórias permitidas nos processos, enfim, encontram meios para que seus clientes de alguma forma possam se safar das acusações que lhes são imputadas ou até mesmo adiar o máximo possível eventual punição, tudo isso baseados nos meandros das leis do nosso país.
Quando cidadãos trabalhadores e muitos até humildes vêem algumas autoridades do judiciário se digladiando e expondo às câmeras de televisão suas vaidades e preferências, acabam recebendo uma mensagem explícita e até mesmo uma lição, de como não deveria ser o relacionamento entre as pessoas, cuja convivência deveria ser exemplar, harmônica e pacífica.
O povo quer justiça e disso eu não tenho dúvida. O Brasil quer desde sempre e, especialmente nos dias atuais, inserir-se no Primeiro Mundo. Mas, enquanto a percepção de justiça das pessoas alimentar esse perfil atual e, historicamente, se persistir a confirmação de que somente os ricos e poderosos continuarão a se beneficiarem da justiça, pela utilização de todos os meios e recursos disponíveis para se livrarem de algum delito ou crime, chego a uma conclusão óbvia e inevitável: com esse andar da carruagem , nós nunca seremos, de fato, primeiro mundo!

Por que os juízes do STF – os mesmos que decidiram que a Lei de Anistia impede a punição dos militares da ditadura – , estimulados pelso barões da mídia, querem julgar em plena campanha eleitoral o “mensalão” do pt?
Lourenço, obrigado por visitar o meu blog. A vida política de uma Nação é influenciada, invariavelmente, pelo processo histórico. Cada acontecimento seja político ou de nossas vidas, tem um contexto próprio e uma história única, como parte indissociável dos fatos ocorridos. A forma como tem sido composta a nossa Suprema Corte, ou seja, os ministros do STF são indicados pelo Presidente da República, tem sido alvo de críticas, inclusive minhas. Assim, decisões são tomadas acerca de cada Lei, inclusive da Anistia, o que, a meu ver, sofre influência do momento político que o país vive, por exemplo, se de ditadura ou de plenas liberdades democráticas. Quanto ao julgamento em curso, em meu entendimento, a decisão daqueles Juízes em dar uma resposta à sociedade com maior brevidade, deve ser vista pelo ângulo da possiblidade de extinção das ações, por decurso de prazo ou o envio de alguns réus à primeira instância. Concordo com o assédio da mídia em torno desse julgamento, mas me intriga bem mais, a atitude de ausência de posicionamento da população em relação a este processo, que de algum modo, deixará marcas e pode até apontar caminhos ou novas formas de exercer com dignidade a política e nisso se insere a Lei da Ficha Limpa. O PT não deve temer o resultado do julgamento, mesmo em ano eleitoral.Assim, a máxima cultivada pelo senso comum tem seu valor: quem não deve, não teme!